domingo, 17 de março de 2013

Dezembro de 2012 teve seis compras de merenda no Colégio Estadual de Antonio Cardoso/BA



Único Colégio Estadual do Município
Segundo o site TRANSPARÊNCIA NA ESCOLA, dezembro de 2012, foi um dos meses que os alunos do colégio Estadual Antonio Carlos Magalhães, de Antonio Cardoso/BA, mais consumiram merenda. Segundo as informações declaradas pela direção, foram feitas seis (6) compras, durante o referido mês, totalizando um valor de R$ 9.684,00 reais no período. Ressalta-se que no referido ano ocorreu uma greve com longa duração.
Quando a professora Adriana Matos relatou sobre o assunto no colégio, a diretora Eudelia reagiu contestando a professora. 
A comunidade escolar se calou enquanto a professora Adriana Matos preferiu pedir transferência do colégio. Os estudantes perderam uma profissional de excelência. 
Confira as informações abaixo divulgadas pelo site Transparência na Escola, referente ao mês de dezembro/2012:
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                                                         Nº OB                 Data             Valor R$
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR  -  103476/01   --    4/12/2012  --  1.662,00
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR  -  103481/01   --    4/12/2012  --  1.068,00
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR  -  113093/01   --    7/12/2012  --  1.068,00
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR  -  113102/01   --    7/12/2012  --  1.662,00
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR  -  103483/01   --    4/12/2012  --  2.112,00
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR   - 117258/01   --   18/12/2012 --  2.112,00
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  Total do gasto com merenda no mês de dezembro de 2012: R$ 9.684,00

Um fato e várias lições

Com os últimos acontecimentos ocorridos no colégio ACM exige se repensar a educação do município de Antonio Cardoso. Confesso que a decisão da professora Adriana Matos pedir remoção do colégio ACM de Antonio Cardoso me levou tirar várias conclusões. Mas também vivi duas situações contraditórias que me fizeram ver mais distante: a primeira refere-se ao fato de ficar triste com a perda visível que a educação do município sofreu, pois é raro se encontrar na educação brasileira um profissional comprometido com a causa. Isto ocorre porque muitos estão descrentes com a forma que os governos vem tratando a educação e os profissionais. A segunda, se opõe a primeira, se antes a decisão da professora me causou tristeza, por outro lado, me trouxe o alívio e a alegria de saber que nenhum profissional merece ser tratado como ela estava sendo.
O que causa estranhamento é a forma como os alunos do colégio assistem tudo passivamente, sem pelo menos procurarem compreender as causas dos ocorridos. O pior que muitos fazem prejulgamentos sem analisarem e investigarem os propósitos que estavam em jogo. Isto é, dois projetos de escolas distintos: um visava uma educação construída por alunos, professores e funcionários da instituição representado pela professora Adriana e o outro caracterizado por um modelo de educação pensado no gabinete e por técnicos que não vivem a realidade. Uma coisa é certo, ninguém saiu tão prejudicado com isto, senão, os próprios alunos. O bom profissional não fica desperdiçado, por isso, tenho certeza que o talento da professora será bem aproveitado por quem tem visão de uma educação transformadora. Que os alunos do ACM não continuem se calando com tudo e achando que apenas uma educação de conteúdo será suficiente para vocês acenderem profissionalmente. Cada bom profissional que abandona o colégio ao sentir seu talento desvalorizado, os alunos ficam mais distantes de ocuparem uma vaga em uma universidade qualificada. Fatos semelhantes ao atual vêm se repetindo há anos no colégio. Mas a natureza deste parece ser diferente dos demais e por isso merece uma atenção dos moradores.
Com isto, aqui não pretendo dizer que os alunos deveriam se levantarem contra a administração do colégio. Se exige algo mais profundo: um compromisso dos alunos com eles mesmos, ou seja, deveriam estarem conscientes com a forma de educação que estão recebendo e qual a forma que serão exigidos deles depois. Que o diga o enem, os vestibulares, o mercado de trabalho e a vida pessoal! Para isto, os alunos precisam participarem das decisões que dizem respeito a sua formação intelectual. Assim no lugar do silêncio dos alunos se esperava uma preocupação com o próprio destino profissional. Mas também parece que são poucos os alunos que estão preocupados com isto! Na verdade, o desfecho no colégio ACM deixa transparecer que faltou a participação da comunidade escolar nas decisões do colégio. As decisões talvez foram planejadas por poucos. Será se a referida comunidade escolar acompanha tanto presencial quanto no site da secretaria estadual de educação o destino do colégio estadual? Como serão capazes de sugerirem alternativas sem conhecerem a realidade que pretendem modificar?
Entretanto, este episódio do colégio ACM deixa um ensinamento inesquecível: não vale a pena pensar em uma nova sociedade, onde as pessoas sejam tratadas com igualdade, quando seus membros insistem ficarem de braços cruzados, esperando acontecer. Parece que a luta por outra sociedade só é significativa, após cada um sofrer as consequências da falta dela na pele. A ocorrência deste episódio exige se repensar alguns propósitos. Além disso, convida a se fazer uma reflexão sobre os esforços que se tem feito até aqui pela transformação da educação local e da própria comunidade. Será que a contribuição de muitos foram inúteis para não se dá a menor satisfação? É triste para um povo que pretende alcançar dias melhores desvalorizando o conhecimento. Que melhoras são estas? Não adianta se defender a liberdade quando os escravos continuam aceitando a escravidão. Despeço deixando como sugestão informações do último relatório da ONU sobre as desigualdades. Recomendo para aqueles que lutam e acreditam por dias melhores acessarem o link a seguir, clique aqui e leia a matéria. Mas lembrem que o conhecimento jamais pode ser separado do homem que busca outros modos de viver. Finalizo com a seguinte sensação: aqueles que lutam arduamente para melhorar as condições de sobrevivência dos moradores de Antonio Cardoso parece que estão perdendo seu tempo! Tudo indica que este fato vai influenciar na minha forma de pensar o município e também me serviu para repensar minhas convicções.

Reafirmo aqui meus votos de confiança, admiração, solidariedade e respeito a pessoa da professora Adriana Matos e ao seu trabalho.

  03/2013


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